sábado, 31 de janeiro de 2015

Os erros “infantis” do SBT

Um dos grandes diferenciais da Globo, que ainda a faz ostentar o título de maior emissora do Brasil, é a forma como ela lida com o sucesso de suas atrações. Enquanto que os outros canais ficam em “estado de êxtase” e “enlouquecidos” quando alguma de suas atrações rendem bem acima do esperado, a emissora carioca tenta conter a euforia e toma decisões sensatas, visando sempre evitar o desgaste, e não acabar prejudicando a atração.
O SBT é um dos canais que encabeçam a lista de emissoras que não contém a euforia com o sucesso. Em 2012, a emissora de Silvio Santos teve a brilhante ideia de apostar novamente em novelas infantis. Como era de se esperar, a trama registrou bons índices de audiência e atingiu boa repercussão, mas a surpresa foi que conseguiu ir além do esperado, se tornando um grande sucesso.
Logo partiram atitudes como: esticar a novela, que chegou ao fim com mais de 300 capítulos, participações frequentes – para não dizer exageradas – dos atores em programas da casa, além de centenas de produtos licenciados. Obviamente que o canal teria que se beneficiar ao máximo do sucesso da atração, mas algumas atitudes podem ser vistas como puro exagero, de alguém que não estava preparado e não soube administrar tamanho êxito.
E pelo visto, a emissora não aprendeu nada com a experiência da última novelinha, e continua cometendo os mesmos erros, a começar pela novela que veio logo em seguida: “Chiquititas”. A nova trama infantil alcança quase o mesmo sucesso de “Carrossel”. Mas com medo de sair da sua “zona de conforto”, o SBT esticou a novela, que já passa de 400 capítulos, e deve chegar ao fim com quase 500.
Mas a questão mesmo da coluna de hoje é a decisão do SBT em reprisar “Carrossel”, menos de dois anos depois da sua exibição original. Um detalhe é que a emissora planejava reprisar a novelinha, antes mesmo desse espaço de tempo, e só não fez isso pela falta de espaço na grade de programação. O SBT irá reexibir a trama a partir de março, no lugar de “Rebelde”.
A emissora decidiu reprisar “Carrossel” se baseando no sucesso que a trama alcançou, e pela possibilidade de poder manter os índices de “Chiquititas”, que irá antecedê-la. No entanto, a emissora comete três erros grotescos com essa decisão. O primeiro: o desgaste do produto. A novela será reprisada em um espaço muito curto de tempo. Atrações que alcançaram grande sucesso como “Carrossel”, devem esperar bem mais tempo na “geladeira” antes de serem reexibidas. O segundo erro: o grande risco de fracassar na audiência. A tendência é que a trama registre baixos índices. O SBT é talvez o único que acredita que a novelinha conseguirá bons índices nessa sua reprise. Deve passar longe de ter o mesmo impacto dos capítulos inéditos, e o fato de receber o bastão de “Chiquititas”, principal audiência da emissora e que tem o mesmo conteúdo infantil, não garante muita coisa. E o terceiro erro: A faixa que irá ao ar. O horário ocupado atualmente pela reprise “Rebelde”, não é apropriado para o público infantil. 21h15 às 22h05, é uma faixa que cabe uma atração adulta. Com uma parceria sólida com a Televisa, o SBT poderia apostar em uma novela mexicana adulta, de preferência inédita.
Duas atrações infantis em sequência, uma delas reprise, e sendo exibidas em horário nobre, é uma atitude, que convenhamos, não é muito sensata para uma emissora como o SBT. Há a possibilidade de que a emissora alcance êxito com isso, audiência é muitas vezes imprevisível, mas a princípio, a decisão pode ser considerada literalmente “infantil”.

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