sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
“Chiquititas” impulsiona o mercado, que impulsiona a novela
“Chiquititas” não tem a mesma força de “Carrossel” (Iris Abravanel, 2012), mas continua agradando o público infantil com uma história que nós já conhecemos e que inspira e encanta a nova geração. Assim como a outra versão brasileira, que estreou em 1997, essa versão terá novas fases e novos personagens, que prometem dar gás à novela.
É até difícil saber em que pé está a trama, pois algumas coisas são diferentes da outra versão (e que bom que seja assim). Ao que tudo indica, misturaram as três primeiras fases em uma só, naquele mesmo estilo de novela musical. Se a versão de 1997 era paradinha e bem despretensiosa, essa de agora segue acelerada, no ritmo da “hiper conectividade”.
O SBT, esperto, tem o mérito de levar à novela para além da tela da TV, popularizando seu produto na internet, para deleite de crianças que usam computador, celular, tablet e outras parafernálias high tech. É como se a novela continuasse fora do horário normal de exibição… São tantas histórias de bastidores, comentários de atores sobre situações de suas personagens que, nós, adultos, até ficamos confusos ao passear pela página oficial da novela.
Por ela sabemos que novos atores irão fazer parte do elenco, como a Menina Fantasma da famosa pegadinha do Programa Sílvio Santos, sabemos que um dos atores fez uma festinha de aniversário no estilo Hollywood, que uma das personagens foi até a internet reclamar de uma espinha no nariz, enfim… essas coisas que criança gosta (e entende) e que nós observamos com estranhamento. Agora, claro que seria cruel comparar, mas ao vermos o ritmo comercial desenfreado de “Chiquititas” e o ritmo de produção equilibrada de “Gaby Estrella”, do canal pago Gloob, percebemos uma grande diferença de narrativa e público alvo. Por mais que as duas sejam tramas infanto-juvenis, “Gaby Estrella” tem um cuidado maior em dar tempo ao público para entender o que a novela quer, de fato, dizer.
No último mês, a audiência de “Chiquititas” oscilou bastante, ora sendo apresentada pelos sites de fofoca e entretenimento como uma novela regular, ora como um sucesso, alcançando recordes de audiência. Acredito que o grande pecado da novela é ser longa demais, afinal, não é porque a outra versão foi gigantesca que essa precisa ser também, o que só comprova que, no caso desta produção, o importante é manter a trama no ar para que o faturamento com a venda de brinquedos e produtos relacionados à novela ainda esteja em voga.
Esses fatores também contribuem para um esticamento estratégico que atenda às demandas publicitárias e mercadológicas. E essa questão publicitária é tão forte que, nesses dias num mercado aqui de Brasília, vi chegarem caixas com copos e garrafinhas de plástico da novela “Carrossel”, que já acabou tem um tempinho. Outra coisa que me deixa intrigado é o fato de sempre o primeiro lote de CD’s da novelinha chegarem a preços exorbitantes nas lojas especializadas e, três semanas depois, serem vendidos a R$9,99, pois a quantidade de produtos fabricados é maior que a procura, mesmo sendo uma procura grande. Com “Chiquititas”, a gente comprova que novela para criança realmente impulsiona o mercado e esse mesmo mercado também impulsiona (e muito) a novela.
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