quinta-feira, 10 de julho de 2014

Entrevista: Naiumi Goldoni


Atriz. Atuou nas séries ‘Escapadas’; ‘O Negócio’ e ‘Macho Men’. Atualmente está no “ar” na telenovela ‘Chiquititas (SBT). Atuou no curta 'Depois da Poeira', de Olavo Amaral.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem? 
Primeiramente, o roteiro. Se for uma boa ideia e estiver bem escrita, já é meio caminho andado. É importante também que a equipe seja composta por bons profissionais, pois aumenta as chances de o material final ser de boa qualidade. Infelizmente muitos de nós atores já passaram (eu inclusive) por experiências não muito satisfatórias ao trabalhar com curtas-metragens, e creio que isso seja relevante ser dito. Assim como há muitos profissionais competentes no meio, há também pessoas pouco preparadas (apesar de terem muita vontade, o que é ótimo), e por vezes nosso empenho e dedicação não são bem aproveitados por falta de preparação/conhecimento da equipe, e o material acaba ficando ruim, com imagens mal feitas, áudio com problemas, edição que nunca termina, etc.

Além do fato de ser uma delícia ter a oportunidade de trabalhar com cinema, curtas-metragens podem ser uma grande vitrine para todos que trabalham com eles, pois com um orçamento muito menor que o de um longa já é possível apresentar grandes ideias, atuações, fotografia, etc. Ao participar de festivais, por exemplo, muitas pessoas da área podem ter contato com o seu trabalho e isso acabar gerando mais trabalhos. É o que todos queremos! Então, para mim, também é fundamental que a produção esteja capacitada para realizar um projeto com profissionalismo e zelo. 

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Já trabalhei em muitas produções em curta-metragem. Aliás, antes mesmo de ser atriz já havia participado de uma. Estudava Jornalismo na UFRGS e em uma das disciplinas era necessário produzir um curta. Trabalhei na produção, fiz assistência de direção e atuei. Foi uma experiência de muito aprendizado, mas definitivamente amadora. Depois disso atuei em muitos curtas-metragens universitários, principalmente no início da minha carreira como atriz, em que é preciso adquirir experiência e aprender com a prática também, e a união de estudantes da frente das câmeras com os que atuam por trás delas é muito proveitosa para ambos. 

Participei de produções independentes também, como 'Depois da Poeira', curta-metragem de Olavo Amaral recentemente finalizado e que começará a participar de festivais em breve. 

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Creio que porque a distribuição e exibição de curtas também não é eficiente no Brasil. O acesso aos filmes é muito restrito, e hoje em dia a forma mais utilizada para divulgar curtas é ou através da internet (YouTube! e afins) ou em festivais. A maior parte da população não chega a assistir, e por não haver muita demanda de matérias, a mídia também não se interessa em produzir material sobre eles. O que é uma pena, pois se a mídia também colocasse os curtas em maior destaque provavelmente atrairia a atenção do público e uma busca maior por esse tipo de produção, facilitando inclusive a abertura do mercado para eles.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Lembro de assistir a curtas na minha infância no cinema, antes da sessão de longa começar. Era uma ótima forma de trazer esse produto ao grande público, e tenho lembrança de alguns deles até hoje. Se isso fosse uma regra, uma obrigatoriedade de todo cinema, certamente ampliaria o público de curtas. Outra coisa que seria interessante é emissoras de canais fechados dedicarem um certo espaço da sua programação para exibir filmes desse tipo. 

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação? 

Certamente. É possível trabalhar com a profundidade que o cinema oferece (partindo de estudos pré-filmagens) num espaço de tempo em geral mais curto. Não é necessário "aguardar uma oportunidade na tevê" para bons papéis, bons roteiros, boas oportunidades de direção, etc. Há muita coisa boa sendo produzida na forma de curtas, e bons profissionais, pessoas interessadas em dar seu melhor e experimentar novas possibilidades sempre são bem-vindas.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa? 
Não necessariamente. Qualquer trabalho bem feito, seja em teatro, cinema ou televisão, pode ser um trampolim para um longa. Muitas vezes apenas um bom contato já é um trampolim... É algo que depende de vários fatores, mas principalmente da qualidade do curta e da sua divulgação/exibição. Não adianta fazer 50 curtas e não conseguir apresentá-los a um público. 

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro? 
Ter muita força de vontade, pois a burocracia e os altos custos de produção restringem muito esse mercado. Além disso, é fundamental buscar se aperfeiçoar sempre, não importa a área em que você trabalha dentro de uma produção audiovisual. Profissionais qualificados, interessados e responsáveis são um tesouro.

Pensa em dirigir um curta futuramente? 
Nunca pensei nisso, no momento estou bastante focada na minha carreira de atriz - estudando não apenas atuação, mas dança, canto, sapateado... Mas futuramente, já mais estabilizada na profissão, de repente me aventure por esse caminho, sim. Por que não? A arte me atrai, ampliar meus horizontes sempre me interessa.

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