quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Chiquititas: Tão bom quanto um vinho antigo

Parece que o SBT aprendeu como trabalhar com telenovelas. Aliás, a impressão que temos é que a emissora aprendeu a trabalhar com um único tipo de dramaturgia: a infantil, tendo em vista o sucesso do último folhetim neste âmbito, “Carrossel”, que fez com que o SBT saísse “das cinzas”. A emissora agora aposta em telenovelas do gênero, e está dando certo. A bola da vez é “Chiquititas”, outra adaptação de Iris Abravanel que vem sendo exibida desde Julho deste ano.

Não é difícil encontrar algum adulto que era criança na década de 90 reclamando do remake de “Chiquititas”, afirmando que a versão anterior era um “clássico” inigualável e sem muitas técnicas que a atual possui. Mas há algo imprescindível para se notar: na nova versão, os novos rostos e novas vozes dão uma visão diferente para o novo publico, é quase que uma nova novela, ou melhor, um velho vinho em uma nova garrafa.

Bem provável que a maioria do público de hoje prefiram a “Chiquititas” atual, afinal ela é feita (assim como todas as obras fictícias também são) com base no que o seu público busca em uma novela. Mas o fato é que a magia, a desenvoltura e as vibrações das temporadas antecessoras deixam o remake no chinelo – ou talvez isto seja apenas um mero saudosismo de quem viu a antiga versão. Uma das grandes surpresas foi ver na abertura a mesma canção que embalava a novelinha nos anos noventa, “Remexe”. Muitos, mesmo que não acompanham a de 2013, certamente sabem cantar o “mexe mexe mexe com as mãos” sem errar uma palavra! É a força da teledramaturgia se revelando no âmbito infantil.

Elenco infantil: mais acertos que erros.

Comparações são inevitáveis ao se falar de novelas que sejam um remake. Pata (Julia Oliver) e Mili (Giovanna Grigio), as personagens de maiores destaques na versão original, também existem na “Chiquititas”de 2013, e o melhor: com quase os mesmos destaques. Pata, a moradora de rua que fugiu da casa de seus pais e acabou parando no famoso “Raio de Luz” é talvez o maior coqueluche da trama. Apesar de arredia, Pata pelos comentários que comumente se vê nas redes sociais é uma das mais brilhantes personagens. Julia Oliver a interpreta no tom certo. Complexa esta comparação, pois as vezes acabamos se decepcionando, o que não vem ao caso.

Nesta linha, Giovanna Grigio também faz bonito como Mili, talvez com menos carisma que Fernanda Souza, mas está cumprindo sua missão bem, também pudera: a atriz revelou ao programa da Marília Gabriela que fez sete testes até conseguir ser a oficial Mili. E com isto em vista, a líder das meninas do orfanato continua a agradar os telespectadores. Outros, como Mosca (Gabriel Santana) irmão de Pata, Ana (Giulia Garcia) e também Cris (Cinthia Cruz) arrasam na trama.

Ao assistirmos a novela, saltam aos olhos os personagens adultos, alguns novos, criados pela autora. Carolina interpretada por Manuela do Monte ganhou mais espaço. Vemos uma Carol menos correta, que se dedica por completo ao orfanato, mas não deixa de viver sua vida amorosa. Ernestina (Carla Fioroni), que é a zeladora do “Raio de Luz”, consegue tirar algumas risadas do público que acompanha “Chiquititas”, pois finge ser linha dura quando o que se vê é apenas um medo de não se apegar às adoráveis meninas do orfanato.

Quem canta seus males espanta!

A trilha sonora e os clipes também vêm com tudo. Desde quando começou, a trama de Iris Abravanel já exibiu vários clipes envolvendo boa parte do elenco. Músicas normalmente animadas, não raro românticas, definem o formato musical da novela efeitos visuais, usados com mais frequencia hoje, deixam a novela com a cara do século XXI, e, por conseqüência, trazem mais ainda os telespectadores infantis para perto da obra. Elas são colocadas em meio às cenas de maneira correta, e na maioria das vezes tem muito a ver com a história que está sendo contada naquele momento. Iris Abravanel repete a fórmula dos clipes que também víamos em “Carrossel”.

Com tudo isso, o comércio da novela também é lucrativo: já vemos por aí os CD’s, bem como álbum de figurinha, mochilas, cadernos e outras coisinhas mais. A novela repete o sucesso, e não estamos falando apenas da audiência – que há que se considerar que mexe com a estrutura das concorrentes no horário. A trama que está sendo exibida após o término de Carrossel há cerca de dois meses atrás, faz surgir uma afirmação um pouco ousada: ainda é possível arriscar e criar tramas sendo o público alvo as crianças? E o SBT tem tradição nisso, tendo como base os sucessos mexicanos voltados para este público. Não sabemos ainda se “Chiquititas” será tão extensa quanto sua antecessora no horário, mas os resultados, até agora, tem sido bons.

William Paixão

Comente com o Facebook: