domingo, 10 de março de 2013

Por onde anda: Ana Olívia Seripieri, a ex-chiquitita Tati

ANA OLÍVIA SERIPIERI, A EX-CHIQUITITA TATI (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Ana Olívia Seripieri era a caçulinha da primeira temporada de "Chiquititas". Tati, sua personagem, permaneceu na novela até a penúltima temporada, encerrada em 1999 e a atriz mirim é lembrada até hoje pelo refrão de uma das músicas-tema de seu papel: "Mentirinhas".
Cursando o terceiro ano do curso de administração, Ana Olívia trabalha em uma empresa multinacional. "Gosto da minha profissão e quando me reconhecem como a chiquitita também não enxergo problema", diz ela, que enaltece o apoio da família para que não ficasse deslumbrada. "Tinha o salário maior do que muito pai de família no Brasil, mas não é por isso que eu ia sair esbanjando."

QUEM: Qual a maior recordação que você tem daquela época?

Ana Olívia Seripieri: A minha maior recordação é que tive uma infância especial. Fui para a Argentina com 8 anos e voltei com 12. Existia muito trabalho, mas muita diversão também. Imagine só: trabalhava com amigas e, na volta para casa, morava no mesmo prédio que as minhas amigas. Brincávamos de Barbie, andávamos de patins. Era um tempo bom.

QUEM: E a maior dificuldade por estar fora do país desde tão novinha?

A.S.: Acho que a escola foi a maior dificuldade. Na Argentina, diferentemente do Brasil nos anos 90, o Ensino Fundamental já tinha até a 9ª série. Quando fui para lá, fui matriculada na 2ª série, mas boa parte do conteúdo que aprendia na escola já tinha estudado na 1ª série daqui. Vi tudo repetido e nem sempre compreendia o idioma deles. Acho que essa foi a parte mais crítica. Eu ia muito bem - especialmente em Matemática, que é universal - mas nem sempre me fazia entender. No começo, eu não queria ir para escola porque tinha o agravante de eu não entender a língua deles. Mas, com o tempo, tirei de letra. Virei até líder de classe. Até ajudava a organizar os passeios que a turma da escola fazia à tarde, embora eu não fosse porque tinha as gravações.

QUEM: Sua personagem, a Tati, era para ter ficado menos tempo na novela. No entanto, ela ficou quase até a penúltima fase. Quando você soube que sairia, foi pega de surpresa?

A. S.: Tive muito respaldo da minha família. Sabia que não ia viver da fama e do glamour para sempre. Tinha o pé no chão. Quando fui contratada, sabia que a minha participação duraria oito meses. Esse era o contrato inicial. Chegando na Argentina, acompanhávamos a 'Chiquititas' de lá e eu tinha noção que a Tati não duraria muito. Mas houve um apelo popular para que a Tati ficasse. Chagavam pedidos e acabaram aceitando isso. Na história argentina, a Tati acaba no fim da primeira fase. Ela vai embora do orfanato com a irmã porque voltam a viver com o pai. Na brasileira, ela reencontra o pai, vai viver com ele e a irmã, Vivi [Renata Del Bianco], mas não se adapta e pede para voltar ao orfanato. Nesta volta dela ao orfanato, a personagem da Tati acaba assumindo o papel que seria da Cris [Francis Helena]. Permaneci até a penúltima fase e deixei o elenco em 1999. Na última fase, a do Celeiro, era muito bem dividido o núcleo infantil e o núcleo adolescente. Eu já não era uma criancinha, mas também não era a adolescente, pronta para ter romancinhos na novela. Não tinha como prosseguir na trama e acabei saindo. Quando fui embora, claro, teve chororô, mas acho que fiquei o tempo exato.
RODEADA POR CHIQUITITOS, ANA OLÍVIA DURANTE GRAVAÇÃO DO CLIPE "APAIXONADA POR TODOS" (FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK)

QUEM: Como foi a sua vida após "Chiquititas?

A. S.: Durante dois anos, fiz parte de um grupo de teatro com outros ex-chiquititos e me apresentei com a peça "Vida de Artista". Depois, por meio de um convite do diretor Fernando Rancoletta, fiz "Pequena Travessa" (SBT, 2002). Atuei na peça "O Cravo e a Rosa", com o Francisco Abreu, que foi o Tatu em "Chiquititas", e voltei para a TV em "Amigas e Rivais" (SBT, 2008), integrando o núcleo cômico. Além disso, fiz outras duas ou três peças de teatro. Teatro é o contato direto com o público, muito gostoso de fazer. Mas, eu não abandonei a ideia de fazer faculdade porque sempre achei importante ter uma segurança que a carreira de atriz não traz.

QUEM: Qual faculdade?

A.S.: Administração. Artes cênicas não seria porque tirei o DRT com 12 anos por horas trabalhadas (risos). Ainda que eu tivesse me deslumbrado como a carreira artística, eu não deixaria de lado a ideia de fazer faculdade. Minhas opções eram administração, relações públicas ou economia e optei por administração. Estou no 3º ano e o curso tem ênfase em comércio exterior. Trabalho em uma empresa multinacional e uso muito o espanhol, que aprendi enquanto morei na Argentina fazendo "Chiquititas". Trabalho em contato direto com países latino-americanos.

QUEM: E você se considera realizada?

A.S.: Eu sou muuuuuiito feliz. Mesmo. Gosto da minha profissão e quando me reconhecem como a chiquitita também não enxergo problema. Não tem problema em ser reconhecida como a chiquitita mesmo andando pela empresa. Na faculdade também tem gente que fala: "A chiquitita está na sala" com aquele olhar de surpresa, e outro responde: "Não, não pode ser ela". Mas, claro que pode. A minha rotina não deve ser muito diferente da sua.

QUEM: Algumas chiquititas casaram, tiveram filho. E você?

A.S.: Não, eu não (risos). Não casei, não tive filho. Namoro, mas não faz muito tempo. Então, essas ideias de casar e ter filhos não fazem parte dos meus planos para agora.

QUEM: Tem vontade de trabalhar como atriz?

A. S.: O futuro a Deus pertence. Daqui a um mês pode ser que surja uma oportunidade de voltar a atuar e, quem sabe, eu aceite. Se eu te disser hoje, "não quero voltar a atuar" você pode pensar "ih, ela mentiu para mim". Na minha vida, tudo aconteceu no tempo certo. Fui famosa e não tenho vontade de ficar vivendo só do passado, de uma coisa que já passou.

QUEM: Você passou dificuldades financeiras?

A.S.: Tive muito respaldo, como já disse, da minha família. Eles me ajudaram a administrar porque eu, claro, criança, não tinha noção de como seria a melhor forma de cuidar do dinheiro. Tinha o salário maior do que muito pai de família no Brasil, mas não é por isso que eu ia sair esbanjando. Não era tudo o que eu queria, que eu tinha, mas também não era uma vida de privações. Tive o meu dinheiro, e graças a ele, vindo de
"Chiquititas", tenho um apartamento hoje. Mas também sei de histórias tristes de outras pessoas que não tiveram essa mesma sorte, que hoje enfrentam mais dificuldades.

QUEM: Vocês tinham rivalidade? Com quem manteve o contato?

A.S.: Não existia rivalidade porque cada uma tinha o seu espaço. Na novela, tinha a romântica, a vilãzinha, a chorona... Como eu era uma das primeiras junto com a Aretha [Oliveira, a chiquitita Pata], tínhamos o papel de acolhimento, de receber os novos. E a maioria dos que entraram depois eram nossos fãs, porque viam a novela. Era engraçado isso. Mantenho contato com uma patotinha. A Gi Medeiros [chiquitita Dani], a Mariane Oliva [chiquitita Marian], a Aretha, a Victoria Rocha [chiquitita Nádia], o Pierre Bittencourt [chiquitito Mosca].

QUEM: Sente saudade de alguém?

A.S.: Vejo que foi uma fase boa, mas não fico querendo reviver. Sinto saudade dos shows. Era muito bacana participar, vínhamos para São Paulo e para o Rio de Janeiro. Era sempre uma grande produção.

QUEM: Existe o rumor de que o Silvio Santos quer fazer a nova versão de "Chiquititas". Você participaria?

A.S.: Só se eu fosse a Tia Carolina (risos). Seria até interessante uma nova versão. Não digo que jamais faria.

Fonte: Revista QUEM

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